segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bento 16 pede que liberdade religiosa seja protegida

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06 de novembro, 2008 - 20h07 GMT (18h07 Brasília)

O papa Bento 16 pediu nesta quinta-feira que muçulmanos e cristãos de todo o mundo mostrem respeito mútuo e que os líderes das duas religiões atuem para garantir que a liberdade de credo seja respeitada em todas as partes do mundo.

"Líderes políticos e religiosos têm o dever de garantir a liberdade de consciência e a liberdade de religião de cada indivíduo", disse o sumo pontífice católico ao final da primeira conferência de líderes muçulmanos e cristãos, realizada no Vaticano.

"Minha esperança é de que esses direitos humanos fundamentais sejam protegidos para todas as pessoas, em toda a parte."

"A discriminação e a violência que até hoje pessoas religiosas sofrem em todo o mundo, e as freqüentes perseguições às quais eles são submetidos, representam atos inaceitáveis e injustificáveis", afirmou.

Bento 16 ressaltou que tais perseguições são ainda "mais graves e deploráveis quando são conduzidas em nome de Deus".

Perseguição

O fórum de três dias no Vaticano, que discutiu formas de diminuir a tensão entre seguidores das duas fés, contou com a participação de 58 líderes e acadêmicos, metade deles cristãos e a outra metade, muçulmanos.

A Santa Sé já protestou publicamente contra o fato de a Arábia Saudita proibir que cristãos pratiquem sua religião em público e contra ataques registrados no Iraque contra seguidores da religião.

Mas, durante o fórum no Vaticano, alguns líderes islâmicos ressaltaram que muçulmanos também têm sido vítimas de perseguição.

"Meus irmãos, muçulmanos bósnios, sofreram genocídio", disse o grande mufti (chefe religioso muçulmano) da Bósnia, Mustafa Ceric.

Outro convidado, o acadêmico iraniano Seyyed Hossein Nasr, disse que os seguidores das duas religiões acreditam na liberdade de culto, mas há limites para isso.

"Nós, muçulmanos, não permitimos em nosso meio uma pregação agressiva que destruiria nossa fé em nome da liberdade, da mesma forma que cristãos não permitiriam se eles estivessem na nossa situação."

Diálogo teológico

Em 2006, declarações feitas pelo papa ligando muçulmanos a atos de violência provocaram a revolta de muitos seguidores da religião islâmica.

O pontífice católico depois pediu desculpas pelo que disse, afirmando que estava citando palavras de um acadêmico medieval e foi mal interpretado porque nunca teve a intenção de fazer uma associação direta entre islamismo e violência.

O incidente levou líderes muçulmanos a lançar um manifesto pedindo que houvesse um diálogo teológico mais profundo entre as duas religiões.

"Muçulmanos e cristãos têm abordagens diferentes em assuntos relacionados a Deus", disse o papa, "mas devem se considerar membros de uma só família".

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